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Mostrando postagens de julho, 2017

O mercado de crédito à míngua

De acordo com o Relatório de Política Monetária e Operações de Crédito divulgado pelo Banco Central no último dia 27 de julho, houve recuo de aproximadamente 2% do saldo das operações de crédito nos últimos 12 meses. Do ponto de vista dos ofertantes de crédito, creio que sejam sintomas percebidos quanto ao maior risco de inadimplência, provocado pelo alto endividamento das famílias e empresas, insuficiência de garantias e alongamento do horizonte de retomada do crescimento econômico. Outro fator que influenciou na oferta de crédito foi provocado pelo rompimento das linhas de crédito do BNDES. Pelo lado dos tomadores de crédito, fatores como o alto endividamento e desemprego das famílias, e pelo lado das firmas, o alto nível de estoques, queda nas vendas e níveis de endividamento provocaram redução no saldo das operações de crédito. Do ponto de vista da origem dos recursos, os captados livremente no mercado correspondem a metade do saldo das operações de crédito. O custo médio da

O mercado de trabalho ainda pena!

No último dia 28 de julho, o IBGE divulgou uma pesquisa sobre o comportamento do mercado de trabalho no Brasil referente ao 2º trimestre do ano. Demonstrou que a população desocupada correspondia a 13% da força de trabalho. Houve recuo em relação ao primeiro trimestre do ano, em 0,7%. Embora a taxa de desocupação tenha diminuído, o número de desocupações é cerca de 16% a mais que no mesmo período do ano passado. Espera-se que o número de ocupações cresça de forma mais rápida de forma a chegarmos ao fim de setembro pelo menos com o mesmo número do ano passado. A recessão econômica ainda produz efeitos deletérios sobre o mercado de trabalho, desestruturando o mercado formal, uma vez que o número de trabalhadores sem carteira assinada e por conta própria continua a crescer. Os sinais de recuperação econômica são difusos. A indústria ainda demonstra queda na produção, baixa utilização da capacidade instalada e redução no número de empregos. O mais preocupante é que o nível de confiança

Quando o ato de poupar pode virar dor de cabeça

Daí você está com uma pequena sobra de dinheiro, raro nos tempos atuais, e se pergunta: o que fazer? É razoável se pensar entre duas opções: ir consumir ou poupar! A primeira opção, consumir, vai propiciar um fluxo de benefícios: o ideal é que esse fluxo propicie benefícios crescentes, mas geralmente não funciona assim. Você cria, ou criam em você, uma necessidade e geralmente alguns bens e serviços se comportam com benefícios decrescentes de saciedade. Não vou generalizar, mas, por exemplo: uma roupa, eletroeletrônicos, certos veículos...a lista é grande! Portanto, sua saciedade um dia esgota e você a renova com a substituição desse bem. Já o ato de poupar funciona como uma ação planejada para amenizar problemas financeiros no futuro ou suprir uma necessidade, mas que você não tem a disponibilidade financeira suficiente no presente para adquirir. Daí você vai a um agente financeiro (banco), e escolhe deixar seu dinheiro “guardado”. Claro que o banco não vai deixar ser dinheir

Transparência e (versus) entrega de resultados ao cidadão

De forma a cumprir o que prevê a Lei de Responsabilidade Fiscal, a Prefeitura de Alagoinhas publicou no dia 24 de julho de 2017 o Relatório Resumido de Execução Fiscal referente ao 3º bimestre do ano. No acumulado deste primeiro semestre, o balanço orçamentário apresentou uma receita de R$ 151,800 milhões, contra uma despesa liquidada de R$ 129,540 milhões; portanto, um superávit fiscal de R$ 21,890 milhões. Do ponto de vista da receita, estas seguem em linha com a média, atingindo 48% da previsão atualizada para o ano. Em relação à despesa, cerca de 95% são destinados ao custeio da máquina pública, destes 53% foram para pagamento com pessoal e encargos . O mais preocupante foi ter desembolsado um volume de recursos superior para a amortização da dívida (R$ 3, 654 milhões) contra R$ 2,710 milhões para investimentos . A despesa por função ficou distribuída em sua maior parte com a administração (25%); saúde (25%); educação (21%); urbanismo (10%). A dívida consolidada do muni

Haja resultado fiscal ruim!

Os resultados fiscais do Governo Central de junho e do primeiro semestre de 2017 foram deficitários em R$ 19.798 bilhões e R$ 56.092 bilhões, respectivamente. Os dados de junho deste ano comparados com os do ano passado demonstram um crescimento real (descontada a inflação) da receita em 1,4% enquanto a despesa total cresceu 10,6%. O principal aspecto que pressionou a receita em junho, comparado com o mesmo mês do ano anterior, se deu pelo recebimento de R$ 5,4 bilhões de bônus de outorga de usinas hidrelétricas o ano passado, sem contrapartida este ano. Já do ponto de vista da despesa, o principal impacto de seu deu via rubrica “Outras Despesas Obrigatória”, com uma elevação de R$ 7.524 bi em relação a 2016, via pagamentos de sentenças judiciais e precatórios. No semestre, do ponto de vista da receita real, houve decréscimo de 1,2% explicado também pelo não recebimento de outorga (R$ 16.931 bi); queda na arrecadação da receita previdenciária (2%) e queda em alguns tributos, d

Aspectos financeiros da operação de crédito externo para Alagoinhas

Trata-se de uma operação de crédito externo¹ entre a Prefeitura de Alagoinhas e a Cooperação Andina de Fomento – CAF. O valor da operação será de US$ 11,5 milhões. Os recursos serão destinados ao Programa de Melhoria da Mobilidade Urbana e Socioambiental de Alagoinhas. Prevê um conjunto de ações que visam à melhoria da acessibilidade e mobilidade urbana, recuperação físico-ambiental de áreas degradadas e urbanização de bairros precários. Os juros aplicados sobre o saldo devedor serão com base na Libor de 6 meses , 1,44306%² + 2,0% a.a. Além dos juros, haverá atualização monetária de acordo com a variação cambial; comissão de compromisso de 0,35% a.a. sobre os valores não desembolsados; comissão de financiamento de 0,85% sobre o montante de US$ 11,5 milhões e gastos de avaliação de US$ 30 mil. Em relação à variação cambial, trabalha-se com uma taxa de 3,10. Do ponto de vista financeiro, o tomador do empréstimo espera que esta taxa esteja mais alta, pois, quando converter os valor

Redução dos juros é condição para mais investimentos!

O Comitê de Política Monetária (COPOM), na sua quinta reunião neste ano, decidiu no último dia 26 de julho, de forma unânime, reduzir os juros básicos da economia. Esta é a quarta redução dos juros neste ano, que eram de 13% e agora chegaram a 9,25% a.a. É uma trajetória de queda perfeitamente compatível com o cenário de preços. Ressaltando que o Banco Central utiliza os juros como variável de controle inflacionário. As expectativas para a inflação deste ano é que fiquem abaixo da meta estipulada de 4,5%. Pesquisa do dia 21/07/2017 publicada pelo Banco Central, mostra uma inflação de 3.3% para este ano. Com este cenário, supõe trajetória de juros que alcance 8% no final de 2017. Diferentemente de muitos Bancos Centrais, o brasileiro atua de maneira passiva em relação ao crescimento econômico e o nível de empregos. Tem como missão controlar a inflação do país. Contudo, muitos estudos já demonstraram que a nossa dinâmica inflacionária recente não foi explicada, em grande parte, pe

O IPCA-15 de julho

No último dia 20 de julho, o IBGE divulgou o Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15, IPCA-15. A coleta de informações ocorreu entre os dias 15 de junho e 15 de julho, abrangendo uma cesta de produtos consumidos por famílias que recebem entre 01 (um) e 40 (quarenta) salários mínimos. O IPCA-15 é uma espécie de prévia para a inflação do mês. Houve uma deflação de -0,18%, enquanto que no mês anterior houve aumento de preços de 0,16%. Para efeitos comparativos com o ano passado, o índice havia aumentado em 0,54%. No ano, o indicador mede 1,54% e nos últimos 12 meses, 2,78%. Dentre os grupos que tiveram queda de preços destacam-se: transportes -0,64%, alimentação e bebidas – 0,55% e artigos de residência -0,55%. Os grupos que tiveram alta foram: despesas pessoais +0,31, habitação + 0, 24 e saúde e cuidados pessoais + 0,14%. Os itens do grupo alimentação que mais sofreram queda foram: tubérculos, raízes e legumes –10% e as frutas em -4%. Vale destacar que o índice de julho

A dinâmica do emprego em Alagoinhas no 1º semestre

Dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – CAGED, do Ministério do Trabalho, apontaram um saldo negativo na geração de contratos de trabalho, via CLT, em Alagoinhas, no mês de junho de 2017. Foram 500 admissões contra 577 demissões. Com isso, reverteu os saldos positivos apresentados em abril e maio. Apesar do saldo negativo para o mês de junho, no acumulado deste primeiro semestre há um saldo positivo de 365 empregos formais. Este saldo semestral foi representado pela diferença entre 3.556 admissões contra 3,191 desligamentos. Se compararmos com o primeiro semestre de 2016, houve aumento de 6% no saldo da geração de empregos. Dos oitos setores pesquisados, cinco apresentaram variação positiva: serviços +244, agropecuária +218, construção civil +56, comércio +4 e adm. Pública +2. Três setores geraram mais desligamentos que contratações: indústria de transformação -112, extrativa mineral -44 e serviços de utilidade pública -3. Dos 3.818 estabelecimento

O mercado de trabalho e a Reforma Trabalhista

Sem dúvidas, um dos grandes assuntos do mês de julho, tirando a Lava Jato, foi a chamada Reforma Trabalhista. Proposta enviada pelo Poder Executivo, aprovada pelo Senado em 11 de julho de 2017 e sancionada pelo Presidente Michel Temer em 13 de julho de 2017. A lei entrará em vigor após 120 dias corridos de sua publicação; portanto, a partir de 11/11/2017. Até lá, o governo informa que enviará ao Congresso uma Medida Provisória alterando pontos da reforma trabalhista. A norma chegará num momento em que a taxa de desocupação apurada pelo IBGE  foi de 13,3% em maio, ou seja, 13,8 milhões de desocupados (trabalhadores que estavam procurando se inserir no mercado de trabalho). Confrontando-se esses dados com os do mesmo período do ano passado, houve um adicional de 2,3 milhões de brasileiros nas fileiras do desemprego. Na literatura econômica, encontram-se estudos demonstrando uma certa relação inversa entre a taxa de desemprego e o crescimento do produto. A chamada Lei de Ok